Os Quatro Princípios da Homeopatia
I. Simila Similibus Curantur
Hahneman fundamentou a homeopatia com o princípio: Similia Similibus Curantur (o semelhante se cura pelo semelhante), já enunciado por Hipócrates.
Toda substância capaz de provocar determinados sintomas numa pessoa sadia é capaz de curar sintomas semelhantes que se apresentam numa pessoa doente. É pela ação de uma substância semelhante às manifestações de uma enfermidade que conseguimos obter a cura.
Hahnemann cita várias aplicações da lei dos semelhantes relatadas por médicos anteriores a ele:
- Bertholon percebeu que a eletricidade aliviava um tipo de dor semelhante à que ela mesma produz;
- Boulduc dizia que o ruibarbo é um laxante para pessoas saudáveis, por isso controla a diarreia dos doentes;
- Stahl comprovou que o estanho curava violentas dores de estômago e produzia as mesmas dores em pessoas saudáveis. Esse próprio médico do século XVIII chegou a escrever: “A regra admitida na medicina, de tratar as enfermidades por meios opostos, é completamente falsa e equivocada. Estou persuadido de que as enfermidades cedem e se curam pelos agentes que produzem uma afecção semelhante”.
II. Experimentação no Homem São
O método de se conhecer o que existe de terapêutico em cada substância da natureza é através da experimentação no homem saudável. Hahnemann realizou em si mesmo uma experiência com China officinalis, retomando o princípio da semelhança enunciado por Hipócrates.
Os experimentadores registram minuciosamente seus sintomas físicos e mentais, incluindo sensações, alterações do modo de ser, de interagir com o meio e os sonhos. Esses registros são posteriormente estudados, classificados e analisados, dando origem ao que é chamado de Patogenesia. O conjunto de Patogenesias recebe o nome de Matéria Médica.
III. Doses Mínimas e Dinamizadas
As substâncias medicinais homeopáticas passam por uma técnica de diluições e sucussões repetidas a qual se denomina “dinamização” ou “potencialização” do medicamento.
Hahnemann iniciou o processo das diluições visando evitar agravações nos doentes, e percebeu também que quanto mais “agitadas”, melhores eram os resultados. Foi assim que chegou às doses infinitesimais (extremamente diluídas) e dinamizadas.
Observou, ainda, que à medida em que a massa ia sendo diluída, mais “energia” as substâncias pareciam desprender pelo processo de agitação. E quanto mais agitada era a diluição, maior potencial de energia curativa possuíam. Por isso, quanto mais dinamizada, maior a potência da substância, ou seja, maior o poder.
Esse com certeza é o maior obstáculo à aceitação e adoção do método terapêutico homeopático pelos médicos em geral. Fato inusitado para o raciocínio materialista que, em geral, nega tudo que extrapola a matéria, mesmo a despeito das evidências de ação dos medicamentos homeopáticos até mesmo em animais e bebês, onde não é possível atribuir um efeito puramente psicológico.
IV. Medicamento único
Hahnemann recomendava o uso de apenas um medicamento de cada vez, ou seja, o medicamento que mais se assemelhasse ao quadro do doente, incluindo as esferas físicas e mentais. A maneira da Homeopatia abordar os doentes é holística, tratando-o como um todo, e não as partes afetadas isoladamente.
Essa dose principal deve ser única porque se ela for repetida, a alta potência pode gerar efeitos colaterais, e um desses efeitos é inclusive a impregnação do medicamento no paciente, sem possibilidade de cura.
Sintoma versus Doença
Para a Homeopatia, o sintoma é apenas uma manifestação de algum desequilíbrio, e não a doença em si. Sintomas são a maneira da doença se expressar. Não se pode curar um doente tratando apenas os sintomas. É preciso ir além, descobrir as causas, a raiz do problema.
A Origem da Doença
Para a Homeopatia, a doença não é “algo separado”, “uma entidade invasora”, mas originada de um desequilíbrio do ser. Os sinais e sintomas são os “avisos” de que há esse desequilíbrio, e não a doença em si. Portanto, é necessário tratar a pessoa como um todo, é necessário tratar não só o sintoma, mas o que originou e o que está sustentando tal sintoma. Assim podemos falar em cura, e não só em tratamento.
“O mundo orgânico é um simples palco de efeitos e não mais de causas (…) E toda doença foi então compreendida como uma alteração psíquica, energética e física, conjuntamente, configurando-se a unidade espírito-energia-corpo físico, base para uma medicina integral do ser humano” [FREIRE, Gilson]