Arsenicum album

Reino: Mineral
Classificação: Policrestos
Principais campos de ação: ansiedade, respiração, fezes (diarreia), pele geral, coração, necroses

O arsênico é considerado um dos cinco elementos químicos mais letais do mundo. É um metaloide quase insípido e inodoro, e existem muitos relatos de intoxicações na literatura. A exposição aguda dilata e aumenta a permeabilidade dos vasos sanguíneos, o que gera inflamações e necroses, especialmente do sistema gastrointestinal. Também causa edemas, hemorragia cerebral, destruição do tecido miocárdico e degeneração gordurosa do fígado e dos rins.
Os sinais e sintomas variam de acordo com a quantidade ingerida; na toxicidade aguda, podem ocorrer em questão de minutos. O efeito mais conhecido é uma diarreia considerável, descrita como em forma de “água de arroz”, associada a náuseas e vômitos, que se assemelha a cólera e pode durar dias ou semanas. Alguns pacientes podem apresentar hematêmese ou hematoquezia; também hipotensão, taquicardia e arritmias.

Pontos Principais

A inquietude é um dos traços mais marcantes de Arsenicum. Possui uma agitação intensa, interna e externa: muda de posição e lugar constantemente, dá voltas na cama à noite, caminha rapidamente de um lado a outro. Pode ser também uma inquietação da mente, que “não para”. Mesmo se estiver exausto e fraco, mexe a apenas a cabeça ou as pernas como forma de exteriorizar essa inquietude.
É extremamente ansioso, e junto a essa ansiedade sente dores no peito, palpitações, suores frios e dores abdominais. Piora depois de meia-noite e atinge um pico às 3h da manhã, com verdadeiros “ataques de ansiedade”, especialmente estando sozinho. Qualquer motivo é suficiente para deixá-lo ansioso. O movimento alivia sua ansiedade, e é por isso que ele se mexe tanto e é tão inquieto!
Uma das grandes questões da personalidade de Arsenicum é que ele deseja “terminar tudo logo”, resolver todas as coisas de uma vez. Quer ver as tarefas todas prontas e não pode deixar nada para o outro dia; Precisa estar ocupado e detesta ficar parado, sendo muito industrioso. Quer sempre fazer mais. Tem também a famosa ansiedade por antecipação de um compromisso, só melhora quando as coisas finalmente chegam, terminam. Sua dinâmica é a da terminalidade.
Por outro lado, tem medo do término, do fim das coisas (e a morte é o maior dos “fins”). Sendo assim esse é o maior medo de Arsenicum: o medo da morte e tudo que a acompanha, por exemplo, medo de doenças (especialmente do câncer). Costuma ser hipocondríaco, acha que está doente de tudo e que não tem cura, por isso os remédios são inúteis e ele vai morrer. Pode ter a sensação de que está morrendo durante os ataques de ansiedade.
Tem muito sentimento de culpa (acha que não fez tudo que deveria fazer) e crê que deve ser castigado, desejando o suicídio por mais que tenha medo dele. À noite pode desejar enforcar-se, esfaquear-se, pular de uma janela ou tomar remédios e venenos.
Existem outros medos muito claros e marcantes: de escuridão, de fantasmas e especialmente de ladrões (acredita que há ladrões em sua casa, debaixo da sua cama). Os medos são piores à noite e estando sozinho.
Outra característica forte é que ele teme uma desgraça iminente, uma tragédia prestes a acontecer, especialmente com seus entes queridos. Tem ideias fixas atormentadoras, pensamentos persistentes, com medo dos amigos sofrerem acidentes. Preocupa-se e angustia-se muito com o futuro.
Tudo isso o deixa completamente esgotado. Pode ficar cansado da vida, indiferente aos prazeres, taciturno. Sente-se miserável, o que também é pior à noite. Declínio rápido das forças vitais e até mesmo um quadro de “burnout”.
Outra característica chave é que Arsenicum é organizadíssimo e extremamente metódico. Tem mania de arrumação, a menor alteração dos objetos de lugar chama sua atenção e ele tem que corrigir de imediato. Muito crítico com a desorganização dos outros, é considerado “um chato com TOC”. Também tem mania de limpeza e detesta sujeira. Também pode depreciar o outro.
Possui um grande desejo de companhia, afinal TUDO piora quando ele está sozinho. É extremamente prestativo, faz tudo pelos outros. É afetuoso e dócil, mas pode também ser ciumento e desconfiado.
Mas também tem algumas características bem negativas: é considerado um dos mais avarentos da matéria médica, se exaspera sempre que tem que gastar dinheiro. Também é absurdamente impaciente com as pessoas, irrita-se pela mínima trivialidade, não tem paciência para esperar o tempo do outro, já que tudo para ele tem que ser “para ontem”. Alterna sua docilidade com mau-humor e rabugices. No EM, pode ter impulsos de matar e ser cruel e invejoso.

Arsenicum costuma ter muitas dores queimantes e ardentes, como se houvesse carvão quente, mas que costumam melhorar pelo calor. Suas secreções tem odor pútrido, e pode ter cianoses com partes negras e necroses. É um indivíduo muito friorento!!! Tem grande prostração, às vezes desproporcional em relação à sua doença. Fraqueza repentina, brusca, paralisa o doente.
Agravação: todos os sintomas de Arsenicum aparecem ou pioram à noite, depois de meia-noite, entre 1h e 3h da manhã (o ápice é às 3h da manhã), pelo frio e pela umidade (fica doente por friagens e no inverno), em lugares fechados (como adegas e porões). Melhora: pelo calor (todo tipo de calor).
Insônia por ansiedade depois de meia-noite, pior às 3h da manhã. Acorda esse horário e não dorme mais, fica pensando nos problemas, nas preocupações, nas tarefas. Sono inquieto, muda de posição frequentemente.
Sente que o alimento tem gosto amargo (até mesmo a água), principalmente em febres intermitentes. A sede pode ser extrema, veemente, inextinguível, para grandes quantidades ou poucas (muitos goles, diversas vezes). Desejo de bebidas alcoólicas (porém o agravam), bebidas quentes. Desejo de comidas quentes, de pão, de leite e de doces. Aversão à CARNE, gorduras, manteiga, massas, pudim. Piora com alimentos frios, congelados, sorvete, etc. Pode ter erupções no corpo após comer peixe.
Asma que piora à noite, depois de meia-noite, especialmente às 2h e 3h da manhã. Também é comum que venha por mudança de tempo, por resfriar-se, por tempo úmido. A dispneia piora à noite na cama, não consegue respirar profundamente e nem ficar deitado porque isso o piora (sente que está sufocante e que ele vai morrer, com medo da morte), sente que precisa sair da cama imediatamente. Melhora quando sentado e inclinado para frente. Tosse ao anoitecer na cama, ou à noite, pior às 2 e 3 horas da manhã. Também piora pelo frio e ao ingerir bebidas frias. Edema pulmonar. Enfisema. Pneumonia com dores no terço superior do pulmão direito. Gangrena pulmonar.
Ansiedade precordial à noite com sensação de frio interno no tórax. Angina pectoris. Sensação de opressão no peito, principalmente ao caminhar rapidamente, subir alguma elevação, quando o clima esfria. O coração bate tão rapidamente que pessoas até próximas podem sentir. Pulso irregular e rápido. Palpitações com fraqueza e tremores.
Ansiedade no estômago, com sensação de morte. Estômago desarranjado por sorvetes, frutas aquosas ou vinho. Dores queimantes como se tivesse carvão em brasa. Melhoram por bebidas quentes. Vômitos e diarreia simultanemanete, com prostração intensa e desproporcional. Como vimos, ele tem muita sede, quer até evitar beber água pois sabe que irá vomitar (e isso faz com que beba poucos goles de cada vez).
Hemorroidas com ardor intenso como fogo. Diarreia, principalmente depois da meia-noite (2h da manhã), por ingerir sorvetes ou coisas geladas, associada a grande prostração. Fezes extremamente pútridas, de odor cadavérico ou a ovo podre, como suco de amoras, ou como tinta verde.
Menstruações frequentes e abundantes, de sangue preto. Metrorragias pútridas. Leucorreia escoriante que aparece no lugar da menstruação. É amarela, ácida, corrosiva, repugnante.
Inquietude nas extremidades, especialmente inferiores, à noite, antes de ir para cama ou deitado nela, principalmente nas pernas. As movimenta sem parar. Dores nos membros que pioram depois da meia-noite, pelo ar frio ou friagem, e melhoram pelo calor. Dor ciática agravada pelo frio. Dores nevrálgicas, reumáticas. Há um quadro típico de dores queimantes nas pernas, com varizes em membros inferiores que ardem como fogo e melhoram pelo calor local.
Erupções nos membros, especialmente em bolhas, vesículas ou escamas. Muitas vezes pretas, sanguinolentas, pútridas. Necroses. Úlceras nos membros inferiores, queimantes, de base escura e auréola azul, profundas e gangrenosas, que melhoram pelo calor. A pele da sola dos pés é dura, grossa. Rachaduras e gretas entre os dedos das mãos.
Pele seca, dura, como pergaminho, enrrugada. Prurido ardente, com ou sem erupção, precisa se coçar até sangrar!!! Piora quando se coça e pelo frio e melhora pelo calor. Tem muitos pruridos e ardores à noite, de 1 a 3 horas da manhã especialmente. Erupções de todos os tipos, devido a friagem ou outras causas. Podem ser escurecidas, queimantes, com crostas, pústulas e vesículas, escamosas e farinhentas. É o medicamento eleito na psoríase. Urticárias à beira mar.
Cianose nas unhas. Unhas dos dedos se tornam negras.

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